Trancoso - Moreira de Rei e A do Cavalo

Região da Família Costa

O Concelho de Trancoso está situado na zona interior da Beira Alta, na parte noroeste do Distrito da Guarda, pertencendo à Terra Fria Beirã ou Riba-Côa. Faz fronteira a Norte com os concelhos de Meda e Penedono, a Sul com os de Celorico da Beira e Fornos de Algodres, a Ocidente com os concelhos de Aguiar da Beira e Sernancelhe e a Leste com o concelho de Pinhel.

O concelho de Trancoso faz parte da Sub - Região da Raia, a qual faz fronteira com a Espanha e é constituída por 11 concelhos, pertencendo 7 ao Distrito da Guarda e 4 ao Distrito de Castelo Branco. Faz parte da Região Centro, cujo órgão coordenador se encontra sediado em Coimbra.

A vila de Trancoso, sede do concelho, situa-se num vasto e alto planalto, com cerca de 900 m. de altitude média, nas proximidades da margem direita do rio Távora e a uma distância de 50 km a NNO da cidade da Guarda, sede de distrito.

A superfície do concelho de Trancoso é de 364,54 km2, cuja densidade populacional, levemente inferior à média do distrito, é de 35 habitantes por km/2.

O concelho integra-se numa zona planáltica cortada pelo Távora e seus afluentes, variando a sua altitude entre os 500/600 m. a Leste e os 900/950 m. na metade Ocidental, com terrenos predominantemente graníticos calco-alcalinos. Santa Maria. Dista 6 km da sede do concelho. População residente: 362 homens e 436 mulheres. População presente: 370 homens e 438 mulheres. 456 edifícios. Votantes inscritos: 683. Área: 34,40 km2.

Uma das mais importantes freguesias do concelho de Trancoso, foi vila e sede de concelho, este extinto em 1855.

Está situada a 6 km da vila de Trancoso e compreende os seguintes lugares, para além de Moreira propriamente dita: A do Cavalo, Casas, Esporões, Golfar, Moinhos das Cebolas, Moreirinhas, Pisão, Valcovo e Zabro. Está situada a sede da freguesia junto à estrada Trancoso-Meda, em planalto, de onde se domina com a vista alargado horizonte, ao ponto de os párocos do séc. XVIII dizerem que dela se avistavam parte de sete bispados: Miranda, Salamanca, Cidade Rodrigo, Guarda, Viseu, Coimbra e Lamego. Tenham ou não razão os antigos párocos, dos bispados que se avistam não cuidemos em averiguar, antes passar a inventário o que se depara hoje deste importante concelho da alta Idade Média.

De seu nome Moreira (e só) passou a ser designada pelo acoplativo do Rei, quando o monarca português D. Sancho II, a caminho do imposto exílio em Toledo, teve aqui o seu último acolhimento em terra lusa. Nesta vila tiveram então lugar as negociações com vista à retirada do exército estrangeiro, estando presentes o infante de Castela, o Conde Lopes de Haro, o valido de D. Sancho e causador da sua desgraça, D. Martim Gil, bem como fidalgos castelhanos, leoneses, portugueses e nobres que haviam seguido o rei deposto. A hospedagem do rei deu-se em casa do nobre da vila, D. Fernão de Soveral e lendário se torna o desafio que então nesta fez D. Fernando Garcia a Martim Gil.

A origem do povoamento antecede estes acontecimentos. Provavelmente foi o lugar habitado na altura em que se ergueu um castro pré-romano, situado onde hoje continua erguido o que resta de um castelo medieval. Sofreu este castelo as investidas dos mouros, resultando a reconquista por Fernando Magno, em 1055, quando a região estava na posse de Almançor, tendo sido as suas muralhas restauradas no tempo de D. Teresa. Esta fortaleza fez parte do testamento de D. Flâmula ou D. Chama, sendo importante reduto militar nos fins do séc. X. Por Moreira passava a estrada romana, que seguia por Casteição, Meda e ramal de Marialva. Por aqui passavam os peregrinos que seguiam para Santiago de Compostela.

Moreira de Rei teve o primeiro foral outorgado por D. Afonso III, corria o ano de 1255, documento restaurado no reinado de D. Manuel I, em 1512. Com alguma população, relevante em termos numéricos, o então concelho compreendia as freguesias e paróquias de Santa Marinha, Santa Maria de Moreira de Rei, Espírito Santo de Moreirinhas, Nossa Senhora da Conceição de Valdujo, Santo André de Cótimos, Nossa Senhora da Graça da Castanheira, São Martinho do Terrenho e Nossa Senhora das Dores da Torre do Terrenho.

Enquanto concelho, Moreira possuía Câmara e Tribunal. No séc. XVIII, a vila era composta por duas freguesias, a de Santa Maria, com quatrocentos e trinta e duas pessoas maiores e a de Santa Marinha, com cento e cinco pessoas de sacramento "pela conta", segundo os dois abades coevos, a saber e respectivamente, Diogo de Sousa de Carvalho e Manuel Ribeiro Frade. Alexandre Herculano, na visita que fez a esta povoação, já encontrou o seu castelo desmantelado, abandonado no cerro do Poio, escrevendo a propósito que Moreira era "uma espécie de ninho de águias sobre um montão de rochas". As ruínas da antiga fortaleza são impressionantes pela história que encerram, pelo aproveitamento de grandes rochedos no seu talhe e pelo que devem lamentar o abandono a que foram votadas. Persiste ao tempo a existência de cisternas e alguns panos de muralhas, o que lhe valeu constar no rol dos Monumentos Nacionais desde 13 de Junho de 1932.

De qualquer forma, compensa-nos a presença de uma Igreja românica do séc. XII (Monumento Nacional desde 1932, com recentes obras de restauro, de que faltam as ventanas sineiras), coroada de merlões, portal de arquivoltas, em cuja porta principal existem gravadas umas medidas-padrão medievais (côvado, braça e pé). Bem perto, o bonito e bem conservado Pelourinho manuelino, formado por coluna escavada, assente sobre cinco escaleiras e rematado com capitel de gaiola e sustentado por colunelos com o formato de cordames. Bem ao lado da Igreja de Santa Marinha, repousam sepulturas proto-históricas escavadas na rocha, que formam uma espécie de necrópole. Também não passa despercebida a Igreja matriz, barroca, situada no largo da povoação.

Para quem goste de lendas, o melhor é ouvi-las por quem as saiba contar junto à Cadeira do Rei, cavada na rocha, na hipótese de não o preferir entre as rochas do Potro e da Albarda ou muito simplesmente admirar a paisagem que se descortina do Cerro do Poio, da Rocha Tarpeia e do Varandão.

A vila de Moreira teve Casa do Hospital, com Capela de São Lázaro (provavelmente uma gafaria) gerida pelas religiosas de Santa Clara da vila de Trancoso, já completamente desbaratada. Capelas de São Sebastião, de São Pedro, de São Vicente e São João. Destacam-se, por serem uma tradição arreigada e firme, os festejos do Senhor da Pedra (a 3 de Maio) em Casas e Zabro e as festividades de Nossa Senhora da Saúde, na Segunda-feira de Pascoela.

Como pormenor interessante, é bom lembrar que em Moreira de Rei foi utilizado, pelos pedreiros, uma espécie de dialecto quase ininteligível, revestido de um curioso emprego de palavras pouco usuais e cheio de imaginação.

Anexas: A do Cavalo (Veja no Mapa), Casas, Esporões, Golfar, Moinhos das Cebolas, Moreirinhas, Pisão, Valcovo e Zabro.

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Fonte:Câmara Municipal de Trancoso.

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